O termo “cambono” ou “cambone” vem do termo angolano KAMBONO, sendo primeiramente utilizado para designar as pessoas que não entravam em transe mediúnico, tendo por função auxiliar nas mais diversas atividades dentro de um ritual sagrado. Este termo foi posteriormente incorporado pela Umbanda para designar os auxiliares dos Guias Espirituais na gira.
O que é um cambone?
O cambone é braço direito da Espiritualidade de luz, o seu fiel trabalhador; está pronto para ajudar no que for necessário, sempre com amor, dedicação e comprometimento com as leis superiores de caridade e humildade.
Quem são os cambones?
Todo e qualquer médium que não esteja incorporado em um dado momento estará exercendo, automaticamente, a função de cambone, pois todos devem estar à disposição dos Guias Espirituais.
Desempenhar a função de cambone é de grande importância para a formação e desenvolvimento de todos os médiuns.
Principais atribuições
O papel do cambone na gira de Umbanda
Firmeza energética: estar concentrado na gira e conectado com a entidade que está trabalhando, não desviando o pensamento e mantendo uma boa sintonia vibracional.
Doação de energia: auxílio nos trabalhos e atendimentos, contribuindo com boas vibrações para o êxito daquele trabalho. (mesmo sem estarem incorporados, os médiuns contribuem com os seus bons pensamentos e vibrações positivas para que os atendimentos logrem sucesso).
Interpretação dos ensinamentos: colocar em linguagem acessível ao consulente as mensagens e ensinamentos transmitidos pela entidade, de forma que não restem dúvidas sobre as suas lições.
Proteção dos trabalhos: o cambone, juntamente com as entidades que o assistem, atuam protegendo o atendimento de forma a não permitir que más energias e espíritos mal-intencionados atrapalhem o bom andamento da gira.
Durante a consulta e principalmente durante os passes e descarregos espirituais, o campo energético das partes envolvidas fica mais vulnerável. Assim, o cambone atua literalmente protegendo os seus irmãos de ataques e obsessões espirituais.
Auxílio geral: pequenas assistências que tornam o trabalho possível, como acender um charuto, pegar uma pemba, buscar velas, escrever nomes, controlar o tempo* e tantas outras pequenas tarefas que não podem ser feitas pelas entidades.
Recomendações e Obrigações
Os deveres do cambone dentro e fora da gira de Umbanda
Obrigações
Postura e linguajar apropriados: ter respeito e reverência pelos orixás, guias espirituais e irmãos-de-santo, agindo de maneira apropriada dentro do templo;
Ter concentração e firmeza mental: importantes para manter a vibração sempre positiva e não permitir distúrbios energéticos;
Cumprir rigorosamente o preceito: ele é benéfico para a sua própria proteção e melhor aproveitamento dos trabalhos espirituais;
Não cambonear cônjuges: necessário para que haja uma boa separação entre pessoal e espiritual;
Ter domínio sobre a doutrina da casa: plena ciência sobre normas, procedimentos, convenções e proibições;
Recomendações
Organização dos materiais de trabalho: ter sempre à mão água de cheiro, fósforos, pemba, papel, caneta e outros materiais que sejam de uso frequente;
Conhecer a entidade que será camboneada: saber o nome, falange, principais instrumentos de trabalho e preferências do guia espiritual;
Conhecer as principais práticas da casa: saber como acender a defumação, como firmar o altar, saudações, cumprimentos, cores, dias da semana dos orixás e entidades, e tantas outras práticas que serão úteis no dia-a-dia do terreiro.
Camboneando os Orixás
Nunca deixar o Orixá sozinho e sempre estar por perto para atender às suas necessidades;
Não permitir que dois Orixás se trombem;
Ficar atento aos seus pedidos;
Conduzir o Orixá quando necessário, segurando-o pela roupa na altura da cintura;
Orientá-lo no momento da retirada, levando-o ao Congá e cobrindo-o com um pano branco;
Ao chegar no Congá, o cambone pode dizer “ajuncó” (pedido para se ajoelhar) e conversar com o Orixá, agradecendo-o pela sua presença e pelas suas bênçãos.
“Os melhores médiuns do Terreiro não são aqueles com as posições mais elevadas, mas aqueles que trabalham com humildade, respeito, honestidade e reverência a Deus e à Espiritualidade.”
